sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Foto: Paulo Pinto/AE

A notícia: Diretor de marketing do Corinthians, Luis Paulo Rosenberg sugeriu (em tom de ironia) na última semana que o Palmeiras, na rodada final do Brasileirão, entregasse as faixas de campeão ao Corinthians, caso o Alvinegro conquiste o título de forma antecipada, neste domingo. Os palmeirenses não gostaram da ideia.

A DAMINHA SEM HONRA

Desde os tempos de escola, Roberto e Caetano nutriam e cultivavam certa rivalidade. Comparavam notas e namoradas, lutavam para mostrar quem tinha a melhor condição social e até mesmo quem possuía o maior número de amigos no falecido Orkut.

Por três anos, Caetano namorou com Miriam. Amavam-se sem limites, até a jovem perceber que, se também entrasse na onda de compará-los, era mais vantajoso ficar com Roberto. E assim fez.

Após cinco anos de relacionamento, era o momento do casamento. Na correria dos preparativos, um problema surgiu. A um mês do casório, não haviam encontrado uma dama de honra que pudesse levar as alianças até o altar.

Sem amigos com filhas pequenas ou parentes de pouca idade, não encontravam uma solução. Dona Josefina, mãe da noiva, até fez sugestões:

- E a Aninha, filha daquela sua prima de terceiro grau que mora no interior?

- Sem chances. Essa menina é encapetada, coloca tudo na boca. É capaz de comer as alianças.

Os dias passavam, a cerimônia se aproximava, quando Roberto teve uma ideia. Provocativo e dono de si, lembrou de Caetano.

- Por que não o chamamos para levar as alianças ao altar? Quem sabe assim a depressão dele vira conformismo - provocou.

Surpresa, mas empolgada, Miriam achou que aquela atitude poderia dar fim à relação de ódio e competição dos dois. Procurou então o número de telefone do ex-namorado em uma agenda velha e começou a discar. Mas Roberto tomou-lhe o aparelho e fez ele mesmo a proposta indecorosa:

- Alô, Caetano? Aqui é Roberto. Eu e Miriam vamos nos casar em um mês. Pensamos em você como daminha de honra do nosso casamento, o que acha? Você nos leva as alianças até o altar e nos deseja felicidade. Seria uma boa demonstração de Fair Play da sua parte...

Caetano ficou em silêncio. Desde que perdera Miriam, nunca mais se envolveu em outra relação. Há cinco anos chorava em dezembro, quando percebia que os meses haviam passado sem que ele encontrasse alguém que a substituísse.

Mesmo humilhado e ofendido, disse que aceitava. Pensou que seria a última chance de encontrar Miriam antes de perdê-la de véu e grinalda. Podia até levar as alianças, mas não abria mão da vitória. Decidiu que, naquele dia, não haveria comemorações.

No posto de "daminha", ensaiou durante um mês um discurso que defendia sua honra. Na igreja, ao levar os anéis, parou na frente dela e disse tudo o que sentia. Um discussão áspera e suja entre Roberto e Caetano fez o padre cancelar o matrimônio, remarcado para dali a 30 dias.

Se Roberto ganhou o campeonato, Caetano triunfou naquela partida. Ninguém o julgou. Admitiram que um rival nunca passaria seu objeto de desejo a outro com sorriso no rosto.

No novo casamento, o ex-namorado sequer apareceu. A daminha de honra foi Aninha, a comedora de alianças. Foi ela quem estragou a cerimônia pela segunda vez.

terça-feira, 15 de novembro de 2011


A notícia: O América-MEX, segundo maior campeão da história do Campeonato Mexicano, com dez títulos, decidiu colocar todos os jogadores do elenco à venda depois da fraca campanha na temporada atual, na qual o time terminou na penúltima posição da competição nacional.

O MERCADO HUMANO

Ricardo tinha mil afazeres naquele dia. E uma festa de aniversário imperdível à noite, do outro lado da cidade. Chefe do departamento, pegou o telefone do gancho e discou o ramal de seu estagiário, planejando passar parte do trabalho a ele - cerca de 90%, nada que roubaria muito tempo do garoto.

O "tum-tum" ininterrupto do telefone, porém, potencializou seu grau de estresse, o que o fez se dirigir até a mesa do menino para lhe dizer poucas e boas. Mas ela estava vazia. Foi a gota d'água. Chamou sua secretária e foi perguntando:

- Onde está o Eduardo? Esse moleque está achando que trabalho é brincadeira?

Dona Rita sabia o paradeiro do desaparecido. Com 20 anos de empresa, nada do que acontecia naquele local não chegava ao conhecimento daquela senhora gorda de óculos arcaicos.

- Ele foi vendido!

A frase não fez sentido na cabeça de Ricardo. Vendido como? Era só um menino de 18 anos, com fluência em inglês e dificuldades para grampear documentos com mais de 30 folhas. Mas a coisa era real.

- Pois é, vendido. Chegou uma boa proposta pelo garoto. A nossa concorrente estava de olho nele já há alguns meses. Sabem que nossa base é boa, que passamos bons ensinamentos. E viram talento no Dudu. Ele passou hoje de manhã aqui, pegou seu álbum de figurinhas do Campeonato Brasileiro que estava na gaveta, se despediu e partiu.

Ricardo ficou chateado. Não que tivesse algum grande carinho pelo menino, mas sentiu que a empresa perdia ali uma grande promessa. Ninguém pegava café como Dudu. Ninguém tirava xerox como aquele jovem de corpo franzino.

Era fim de ano, o mercado estava agitado. Ricardo pegou o telefone e ligou para um olheiro. Precisava de um novo estagiário. A festa de aniversário ficava para o próximo ano.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011


A notícia: Em sua volta ao Beira-Rio, o atacante Rafal Sóbis marca o gol da vitória do Fluminense contra o Internacional, clube que o projetou para o futebol. Na saída de campo admite que sentiu  "uma dor enorme no coração" e que preferia que o gol fosse de outro.

PROFISSIONALISMO ACIMA DE TUDO

Apaixonados, namoraram por alguns longos anos. Ela romântica, cuidadosa, metódica. Ele inquieto, desbravador, sonhador. Por mais que o sentimento existisse e fosse intenso, a curiosidade por conhecer outras bocas e cabeças atordoava o garoto. Eram o primeiro amor um do outro.

Desde o início da relação, frenquentavam a "Casa Vermelha", famoso bar e restaurante da pacata cidade, local em que jovens daquela faixa etária batiam cartão para ouvir uma música que mexesse com a alma e com os corações.

Foi por ali que certa noite o rapaz trocou olhares com uma outra bela mulher. Linda, mais velha do que ele e com jeito persuasivo, capaz de convencer até um suicida a jurar amor eterno.

A caminho do banheiro, bastaram duas frases para um novo encontro ser marcado. A namorada nem desconfiou. Mas ali perdia pela primeira vez o seu companheiro.

De romance paralelo, a coisa virou aventura única. Dali, o jovem partiu para um mochilão na Espanha com a nova musa, deixando para trás tudo o que havia construído com a antiga amada.

Os anos passaram e, após todo o sentimento longe do Brasil, tudo desabou da forma como começou: de repente, sem explicações razoáveis, no impulso.

De volta à suas origens, aproximou-se do primeiro amor em uma festa e tiveram dias maravilhosos. Mas o tempo passou, muita coisa mudou. Foi um efêmero reencontro.

Em nova fuga, se apaixonou novamente, desta vez no Rio de Janeiro, por uma graciosa jovem das Laranjeiras. Tudo ia bem até uma viagem com a nova namorada a sua cidade natal, num desses feriados prolongados. O programa do sábado à noite? Um choppinho na "Casa Vermelha", ao som da tradicional moda de viola.

Um beijo apaixonado. Ao abrir dos olhos, porém, teve a visão inesperada. O antigo e eterno amor estava ali, sentado na mesa da frente, com olhares fixos no passado, sofrendo pelo presente e sem perspectiva de futuro.

Não havia o que comemorar e nem porquê sorrir. Ele pediu a conta, chamou o amor recente e partiu. Sentiu uma dor no coração. Mas o profissionalismo falou mais alto. Nada como a frieza de um amante profissional.